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quinta-feira, 18 de março de 2010

Inflamação

A inflamação ou processo inflamatório é uma resposta dos organismos vivos homeotérmicos a uma agressão sofrida. Entende-se como agressão qualquer processo capaz de causar lesão celular ou tecidual. Esta resposta padrão é comum a vários tipos de tecidos e é mediada por diversas substâncias produzidas pelas células danificadas e células do sistema imunitário que se encontram eventualmente nas proximidades da lesão.

Existem alguns fenômenos básicos comuns a qualquer tipo de inflamação e que independem do agente inflamatório. Essas fases caracterizam a inflamação do tipo aguda, a qual sempre antecede a inflamação do tipo crônica:

1) Fase irritativa: modificações morfológicas e funcionais dos tecidos agredidos que promovem a liberação de mediadores químicos, estes desencadeantes das demais fases inflamatórias.

2) Fase vascular: alterações hemodinâmicas da circulação e de permeabilidade vascular no local da agressão.

3) Fase exsudativa: característica do processo inflamatório, esse fenômeno compõe-se de exsudato celular e plasmático oriundo do aumento da permeabilidade vascular.

4) Fase degenerativa-necrótica: composta por células com alterações degenerativas reversíveis ou não (neste caso, originando um material necrótico), derivadas da ação direta do agente agressor ou das modificações funcionais e anatômicas conseqüentes das três fases anteriores.

5) Fase produtiva-reparativa: relacionada à característica de hipermetria da inflamação, ou seja, exprime os aumentos de quantidade dos elementos teciduais - principalmente de células -, resultado das fases anteriores. Essa hipermetria da reação inflamatória visa destruir o agente agressor e reparar o tecido injuriado.

Classicamente, a inflamação é constituída pelos seguintes sinais e sintomas:

1. Calor; aumento da temperatura corporal no local
2. Rubor; hiperemia
3. Edema; inchaço
4. Dor;
5. Perda da função.

TIPOS DE INFLAMAÇÃO

- Alérgica – desencadeada por mecanismos alérgicos, como sucede, por exemplo, na asma e na urticária.

- Atrófica ou Esclerosante – aquela que evolui para a organização do exsudato inflamatório de que resulta cicatrização e atrofia da região afectada.

- Catarral – processo que é mais frequente na mucosa do aparelho respiratório mas que pode atingir outras mucosas. É caracterizada, fundamentalmente, por hiperemia dos vasos, edema tissular e secreção de muco de consistência viscosa.

- Eritematosa – inflamação congestiva da pele.

- Estênica – forma aguda com fenômenos circulatórios e calor intensos.

- Fibrinosa – forma exsudativa em que existe uma grande quantidade de fibrina coagulável.

- Granulomatosa – processo crônico proliferativo com formação de tecido granuloso ou granulomas.

- Hiperplásica ou Hipertrófica – cursa com neoformação de fibras de tecido conjuntivo.

-Intersticial – variedade na qual a reacção inflamatória se localiza preferencialmente no estroma e no tecido conjuntivo de suporte de um órgão.

- Necrótica – processo intenso com produção de um foco de necrose.

- Inflamação parenquimatosa – aquela que atinge primordialmente a estrutura nobre e funcional de um tecido ou seu parênquima.

- Proliferativa – aquela em que o aspecto mais característico é o grande número de macrófagos com neo-formação tecidual.

- Purulenta ou Supurativa – inflamação em que se forma pús.

- Reactiva – a forma que surge à volta de um corpo estranho.

- Reumática – surge como resposta à existência de doenças reumatológicas, ou seja, acometendo primordialmente as articulações.

- Serosa – aquela em que a exsudação é essencialmente serosa ou de aspecto semelhante ao soro.

- Térmica – provocada pelo calor.

- Tóxica – devida a uma substância tóxica ou veneno.

- Traumática – surge como consequência de um traumatismo.



CLASSIFICAÇÃO DAS INFLAMAÇÕES


Por resultarem em alterações morfológicas teciduais de diferentes características, as inflamações recebem classificações, estas podendo ser quanto ao tempo de duração ou quanto ao tipo de elemento tecidual predominante.


QUANTO AO TEMPO DE DURAÇÃO
Podem ser agudas ou crônicas, as primeiras tendo um curso rápido (entre 1 a 2 semanas) e as outras constituindo processos mais demorados (superam 3 meses). A variação entre os dois processos está diretamente vinculada aos fatores que influenciam a inflamação.

Inflamações agudas

Inflamação aguda é aquela que se instala rapidamente, como por exemplo após um acidente onde ocorre lesão tecidual de forma súbita
"Resposta inflamatória imediata e inespecífica do organismo diante da agressão".
A inflamação aguda é dita imediata por se desenvolver no instante da ação do agente lesivo, e inespecífica por ser sempre qualitativamente a mesma, independentemente da causa que a provoque.

Inflamações crônicas

A inflamação crônica se instala de forma lenta e insidiosa, como por exemplo nas doenças reumatológicas tais como a artrite reumatóide e o lupus eritematoso sistêmico.
"Reação tecidual caracterizada pelo aumento dos graus de celularidade e de outros elementos teciduais mais próximos da reparação, diante da permanência do agente agressor".
A inflamação crônica é sempre precedida pela inflamação aguda, processo em que se desenvolvem as fases inflamatórias anteriormente citadas com o intuito de eliminar o agente agressor.
Clinicamente, nas inflamações crônicas não de observam os sinais cardinais característicos das reações agudas. Porém, todas as alterações vasculares e exsudativas que originam esses sinais clínicos continuam acontecendo, culminando com o destaque da última fase inflamatória, a fase produtiva-reparativa.



Dois padrões morfológicos de inflamação: acima, vemos uma inflamação aguda, com predominância de neutrófilos e necrose; abaixo vemos uma inflamação crônica, com células gigantes (CG), linfócitos (L) e grande quantidade de fibroblastos (F), indicativos da predominância da fase produtivo-reparativa. O critério de agudo ou crônico pode ser morfológico ou cronológico, mas é importante lembrar que nem sempre há coerência entre esses dois critérios






Úlcera provocada por ação do cimento cirúrgico (CC). Este é um tipo de inflamação necrotizante e ulcerativa










Drenagem da coleção purulenta de um abscesso em mandíbula. A retirada desse conteúdo, aliada a outras medidas terapêuticas, promove a resolução desse foco inflamatório. O quadro histológico desse tipo de abscesso pode ser observado abaixo.


Referências
Vinay Kumar, Abul K. Abbas, Nelson Fausto. Robbins e Cotran: Patologia: Bases Patológicas das Doenças .7.ed. Elsevier, 2005. pp. 1504.

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